“Tecnologia impulsionando os negócios Halal” foi tema do terceiro painel do GHB
O uso da tecnologia para impulsionar o comércio exterior de produtos Halal foi o tema do terceiro painel do Global Halal Brazil Business Forum (GHB) realizado hoje (24) – segundo e último dia do evento.
Com moderação do Diretor de Negócios da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Estevão Carvalho, os participantes discutiram sobre as cadeias de suprimento Halal e como sua agilidade poderia ser melhorada por meio da digitalização, da rastreabilidade das operações de comércio exterior e de ferramentas para gestão eficiente dessas operações.
O painel abriu com a explicação de Tiago Barbosa, da Secretaria de Comércio Exterior, parte do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, sobre o SISCOMEX, uma iniciativa do Governo Federal para proporcionar a redução de tempo e custo para importar e exportar. “Facilitação do comércio: é isso que o portal único vem trazer para o comércio brasileiro”, disse Barbosa antes de traçar uma linha do tempo falando sobre as evoluções da tecnologia em se tratando dos negócios internacionais.
“No Brasil, tivemos uma mudança muito clara na forma de se fazer comércio exterior a partir de 2014. Foi quando entramos na era de documentos digitais — com o portal único, era possível realizar as importações e exportações escaneando os documentos e apresentando no portal para a liberação da mercadoria. Em 2018, tivemos o início do uso de documentos eletrônicos. Em 2022, foi a era da troca de dados”, explicou Tiago Barbosa. “A automação em relação ao comércio fez a gente sair de uma atividade que fazíamos igual há dois mil anos. Nos últimos, mudamos completamente a forma de fazer comércio.”
A fala seguinte foi de Vidal Melo, professor e consultor da Universidade de São Paulo (USP). Ele coordena pesquisas acadêmicas e projetos de inovação na instituição buscando criar pontes de automação entre o setor público e o setor privado. Ele explicou que nem todas as empresas estão prontas para receber essas tecnologias e que é preciso se adaptar para esse processo.
“A realidade informacional das empresas que têm 20, 30 anos de existência é de diversos sistemas isolados e controles feitos em planilhas, documentos fora de sistemas e mensagens de WhatsApp, além de ligações telefônica”, disse. “Os processos hoje estão sendo documentados em sistemas, só que sempre tem um ser humano carregando a informação de um para o outro. Essa é a realidade que precisamos mudar: necessitamos desenhar novos processos do zero. Esquecer como fazemos as coisas hoje e tentar desenhá-las usando essa nova tecnologia, com novos conceitos baseados em dados.”
Sua tese foi corroborada por Soha Mohamad Chabrawi, Gerente Técnica de Qualidade da FAMBRAS Halal, que explicou que novos processos foram desenhados dentro da certificadora para que fosse possível oferecer a certificação Halal. “Em 2019, a nossa equipe de TI observou que existia muita papelada para a emissão de certificados Halal. Na tentativa de diminuir a quantidade de papéis emitidos, foi feita a proposta de certificação digital”, disse. “A certificação digital oferece segurança na emissão de certificado e agilidade no processo de obtenção das informações que estão na embalagem visando também ao cliente final.”
Mohammed Alkaff AlHashmi, Cofundador da Islamic Coin, finalizou o painel falando sobre a importância dos assuntos que debatidos.”Tudo o que eu vi aqui é muito importante e está voltado para o aumento da transparência e da confiabilidade da comunidade”, comentou. “Nós precisamos ter um ecossistema completo, engajando todas as pessoas. O ecossistema Halal é uma cadeia, e se tiver um elo que seja fraco, toda cadeia fica fraca. Queremos fazer tudo de forma Halal e transparente”, finalizou.